domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sumir é pra quem pode
Quem sabe deixar saudade
Pra quem sabe esquecer o gosto
Nem a raiva me faz querer sumir daqui
Acho que aprendi a lidar com as minhas vontades
Mas não com as minhas ideias
Queria ser uma cobra com duas cabeças
E deixar a que não funciona interagindo durante o dia

E eu seria mais feliz

Quero resolver essa história o quanto antes
Pegar o que é meu e sair dessa caixa
Dessa forma
Não consigo ser robô por muito tempo
Ja passei muito tempo sendo
Quero que se apague o que está do lado
E ver apenas o caminho à minha frente
E caminhar, correr
E ter uma leve ideia do que vou encontrar
Não quero essa certeza total
Quero ser surpreendido sempre
Por mim mesmo, por quem estiver comigo
Quero um beijo antes de dormir
E muitos mais quando acordar
E nos dias em que não dormir quero o amor mais intenso
Que me esgote
Que me faça querer mais
Esquecer que roupas existem
Que existe um sol lá fora
Um café quente em cima da mesa de centro cheia de pontas de cigarro
É o que imagino
Além das garrafas do que der vontade
Espalhadas pela casa
A pia cheia de pratos sujos
Tapetes, cortinas
Que esse amor tome conta de mim um dia
Esqueça o beijo se esse amor não for de verdade
Desfrute desse novo mundo que acabou de ser descoberto
Não é pessimismo dizer que não dariamos certo
Eu vivo em um mundo e tempo diferentes do seu
O que você não aceita se encontra em quase tudo o que faço
E esse amor? Dura mesmo assim?
Disfarçar com sorriso não vale
Me faz esquecer a pergunta e achar que está tudo bem
Nada bem, meu bem
Não estamos mais tão conectados
Motivo?
Estamos conhecendo um ao outro
Sentimos a mudança de um dia de que passa
E do outro que chega com a indiferença
Imaginação cruel que te fez me imaginar completamente diferente
Quem se machuca mais?
Não importa agora
Ninguém tem que se ferir no início
E é onde estamos
ENtão paremos e olhemos para os outros lados
Vai viver um pouco
E depois, quem sabe, volta

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Não há lugar certo no mundo quando se quer alguém
Tudo fica apertado, pequeno
Distante
As pessoas se misturam e tornam-se uma só
A mesma cara, mesma voz irritante
Pela manhã os cilios insistem em continuar colados
Grudados me convencem a ficar mais cinco minutos tentando voltar ao que não sei se é sonho ou pesadelo
Aquele velho "nightmare" de só querer o que não se pode ter

Espero que o natal não chegue tão cedo
Ele sempre estraga a minha "estabilidade" emocional
Aquele cheiro próprio, as cores, o céu
As luzes, os telefonemas
Tudo me lembra uma coisa só
Sei que não é certo lembrar, mas às vezes preciso
O que eu preciso é entender que é aqui que eu vivo nesse momento
E que nada vai trazer alguém de longe para mim tão fácil
Que se é pra ficar aqui, fico sem derramar um lágrima por um ser distante
Cansei dessa observação... mentira!
Ainda não

        É quase nada querer. E na verdade não existe dificil quando se trata apenas de você, de mim. "It's hard when..." você quer algo que não depende apenas da sua vontade. Ai "você" (eu) desaba quando não consegue. Anda nas ruas com os olhos tortos e baixos. Com as pernas bambas e pesadas. A cabeça fora do lugar. Apenas precisa andar. Olhar os riscos que vão ficando para trás no meio da rua. Contar as folhas secas no chão e separá-las por tamanho/tom. Passar horas ouvindo a mesma música. Aquela que você sabe que te atola mais, mas mesmo assim continua. Tem que externar a "dor" de alguma forma. Mesmo que seja falando besteira, comendo besteira, com um olhar, com um beijo no braço. Só não guarda. Não guarda que não faz bem.   

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

          Me ligou, logo após abrir os olhos, dizendo que transbordara durante toda a noite. Os olhos inchados, os lençóis umedecidos e a vista turva. As pontas de cigarro, apagadas por todas as paredes da casa, decoravam os cantos e aromatizavam as peles que por ali foram passando. Pés descalços. Anda até a geladeira e puxa a porta, passando lentamente os olhos por cada pedaço de coisa que finge ali estar. Na ultima prateleira, bem no fundo, encontra o seu grandioso conforto. Puxa uma garrafa e dá um gole longo suficiente para beber mais da metade de seu conteúdo. Cerveja. Cigarro e lágrimas. Voltou para a cama e para seu homem. Seu cheiro, seu toque, seu beijo, seu sexo. Sexo com gosto de fumaça. Aquela que entra nos pulmões e parece se agarrar alí e não querer mais sair. A que você quase tosse e joga pra fora, mas sabe que o efeito, mais tarde, será melhor se manter um pouco mais dentro de si. Minutos depois tudo some. Se mistura, entra, sai, grita, geme. "Arranha as minhas costas e me engole". Me agüenta por um minuto que eu não consigo ser só um. Grita alto meu nome para que eu posso voltar. 
           Ainda deitados na cama, depois de cinco longos dias de uma vida sem deveres e vontades definidas, se olham. Gritam desesperadamente e da esquerda para a direita uma mão pesada e carregada de força se choca contra um rosto. Barba contra a palma. A palma do barbudo não se cala e lança-se contra a outra face. Tapa não, murro. Murro fechado e certeiro. Quebrando e jorrando sangue do nariz. Chafariz. O sangue espirrado na parede acabou transformado em objeto de decoração. A bochecha ainda latejando e um par de pernas corre até a porta e tranca o quarto. Não existe roupa, apenas umidade, desejo, vontade, fome, dedos queimados, unhas sujas, pernas entrelaçadas, cheiros misturados, prazer, línguas, lábios, pelos. Correm pela casa esbarrando-se nas paredes, fundindo-se nos tapetes, nas mesas, cadeiras. 
       Vão até o jardim e gritam seus sonhos, seus medos, seus defeitos e fumam a erva da tranqüilidade. Nus, no jardim. Não existe Adão, muito menos Eva. Só serpentes e frutos proibidos. Só desejos a serem desfrutados. Pele, carne, saliva e suor. Bunda, peito, pênis, coxas. Te amo, te odeio. Te bebo e te engulo. Te tenho dentro e jogo fora. E continuo amando depois de tudo. Mesmo que esse amor seja uma criação para que eu possa dizer o que lhe digo. No pé do ouvido, com os dentes no pescoço, cheiro de cigarro e cerveja, velocidade, carona. Não sei. Não dá para saber. Morde o fruto, depois vive.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Não cria essa imagem tão certa na tua cabeça
Eu não sou esse que você criou
Eu passo noites deitado no chão de um banheiro
Esperando a hora certa de meter a cara na privada e jogar para fora todo o meu estômago
Vou onde me chamarem
Onde me quiserem
“Sou flor que se cheire em qualquer lugar”
Não temo os olhares depois de algumas doses
Não meço as palavras
Me vê, conhece
Depois escolhe se é realmente isso
Se posso fazer parte de um futuro
Não sei
Olho e não vejo muito bem essa pessoa
Transformo-a tanto que já não é
Tento adaptar essa criatura a mim
Mas não consigo
Não é verdade
Eu não sou

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

       É o sono que se mistura com a ansiedade e com a vontade de ter tudo de uma só vez. De te ter. A vontade de descobrir os cheiros. As pálpebras vão pesando enquanto o ar condicionado gela as minhas costas, a minha camisa molhada de suor. Escorreram pelos meus poros, enquanto andava no sol quente, todas as minhas vontades de gritar e jogar fora. Agora gelam e misturam-se ao tecido preto listrado.
       Eu queria entender, de verdade, o porquê é tão difícil entender que eu não quero essa vida de trabalho comum. De passar o dia sentado olhando para um computador. Eu não consigo. Simplesmente não é o que eu quero para mim. Eu quero chegar em casa, deitar no chão do meu quarto, fechar os olhos e imaginar e escrever e criar. É isso. Não existe essa necessidade de dizer para alguém que eu sou alguma coisa da qual se tenha orgulho. Eu nunca fiz questão dessa merda. Eu só quero sentir realizado e feliz. Mesmo que esteja sozinho no meu canto, com uma garrafa de uma bebida qualquer que me agrade. Agora você diz: precisa desse álcool todo? Precisa. Por enquanto precisa. Sabe quando você solta sua raiva toda em alguém e faz essa pessoa se sentir tão merda quanto você? Eu prefiro descontar em mim mesmo. E não vem com mimimi de que eu sou grosso. Sou porque fui crescendo assim. E ninguém sabe o quanto eu tento me livrar dessa merda de irritação repentina com tudo e todos.

        Enfim... se aqui antes não seria o local apropriado para eu derramar as coisas que passam pela minha cabeça em um momento de superaquecimento da mesma, agora já era. Já foi, já ta postado, já foi lido. É “tudo” isso e mais um monte. 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Na minha cara a expressão de quem não está entendendo não cabe muito bem
Se você me aceita perto e olha de certa forma e me faz querer certas coisas
Não entendo o que te prende
Talvez entenda o medo

O quarto escuro esconde nossas caras bêbadas
Eu viro o rosto para o outro lado para não olhar nem um segundo a mais
E no minuto seguinte o uísque no meu corpo já me fez esquecer todas às razões que eu teria para te observar
Durmo e acordo
E observo
Me levanto e vou embora
Pra quê gastar mais tempo com o que não é para ser ?
Nem distancia, nem tempo, nem idade são suficientes agora